domingo, 22 de junho de 2014

Karl Kraus (1931) de Walter Benjamin

Dedicado a Gustav Glück

I. Omnihumano
Como tudo torna-se alto.
Palavras em Versos II

Más notícias enviaram o vendendor de jornais que gritante com os cabelos arrepiados e com uma folha nas mãos agitando por aqui se dispersa e distribui um jornal cheio de guerra e pestilência, de gritos mortíferos e dor, de tormentos causados por fogo e inundações. Um jornal neste sentido, neste significado que tem a palavra em Shakespeare, é a “Tocha”. Repleta de denúncia, estremecimento, veneno e combustão advinda do mundus intelligibilis. O ódio, com o qual ela persegue o fervilhante e ilimitado gênero da impressa, é mais do quê um ódio moral, um vital, assim como aquele que o Urano jogou sobre uma estirpe de pirralhos degenerados que de seu própio sêmen vieram. O nome “opnião pública” já é àquele jornal uma abominação. Opiniões são coisas privadas. A esfera pública tem um interesse apenas em julgamentos. Ela é uma julgadora ou é nenhuma outra. Mas exatamente isso é o sentido da opinião pública que a imprensa produz, fazer a esfera pública incapaz de julgar, sugetivamente a conferir a postura de irresponsável, de desinformada. De fato, o quê são mesmo as informações mais precisas dos jornais diários em comparação com a arrepiante acribia qual  a “Tocha” assiduamente emprega na representação de fatos jurídicos, línguísticos e políticos? Da opinião pública aquele jornal não precisa ocupar-se. Pois, as notícias sanguinolentas desse “jornal” desafiam o julgamento daquela; e com uma fervorosa insistência contra nada ou ninguém mais do quê contra a própria imprensa.


Um ódio, como Kraus o lançou sobre os jornalistas, nunca pode ser pura e simplesmente fundando naquilo que estes fazem – tão reprovável como se queira. Esse ódio tem de ter suas razões no seu próprio ser, ainda que a este, como de costume, seja tão oposto ou afim. De fato, contudo, neste caso ambos estão corretos. A representação mais recente do jornalista caracteriza-lo sem demora em sua primeira frase enquanto “um ser humano que possue pouco interesse por si próprio e sua existência, como em geral pela mera existência das coisas, e ao contrário persegue as coisas só em suas releações, sobretudo lá onde essas se confrontam em acontecimentos – e que neste momento ele torna-se integrado, essencial e vivo”. O quê por fim fica retido nas mãos com esta frase, não é nada mais do quê o negativo da imagem de Kraus. De fato: quem teria mostrado um interesse tão palpitante por si próprio e sua existência do quê ele, que nunca se livra deste tema, e um interesse tão atento pela mera existência das coisas, pela origem delas, quem aquele confrontar-se do acotecimento com o evento dado, a testemunha ocular ou com a câmera transporta a um claro desepero senão ele? Por fim, ele condensou toda sua energia na luta contra o falatório ou a conversa vazia que é a expressão línguística da arbitrariedade, com a qual o jornalismo se lança à dominação das coisas.

Tradução continua...

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